O Sábado era de sol e um bafo quente tomava conta das vielas da comunidade do Santa Marta, Zona Sul do Rio de Janeiro. Apesar da quentura nada fazia as crianças arredarem o pé dos corredores da favela, era dia de Folia de Reis Penitentes, que existe ali há mais de 50 anos e é perpetuada de pai para filho. A tradição teve início na Ilha do Governador, onde os mestres Luiz, Dodô e Diniz conheceram a Folia do Mestre Zé Cândido e se inspiraram para levar a manifestação para o Santa Marta.

 

Foliões realizam cantoria antes do cortejo de reis

Com a saída marcada para ás 19 horas, o cortejo partiu de uma casa nas proximidades da Associação dos Moradores em direção à sede do Grupo Eco, localizado um beco mais acima. Por corredores estreitos moradores acompanhavam o som da banda enquanto os mais jovens interagiam com os tradicionais palhaços. A folia marcava o “Arremate” que tinha a finalidade de concluir a jornada de 2014 e fazer a entrega da bandeira, até que a mesma possa ser solicitada novamente no dia 25 de dezembro. Foi a primeira folia após o falecimento do mestre Miro, com mais de 20 anos de grupo, por conta deste fato, a emoção tomou conta de todos os participantes.

Crianças espiam da janela preparativos para cortejo de Reis
Cortejo de folia de reis pelos becos da favela do Santa Marta

 

Pessoas cantam durante apresentação do grupo de folia de reis

 

Apresentação do grupo de folia de reis

 

Senhora segurando estandarte

 

História

De origem portuguesa e comemorada desde o século XIX, a Folia de Reis é uma festa católica ligada à comemoração do Natal. O intuito da manifestação é comemorar a atitude dos Três Reis Magos, que partiram em uma jornada até o esconderijo de Jesus, para homenagea-lo e dar-lhe presentes. Com o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro, adotou-se a data da visitação dos Três Reis Magos como sendo o dia 6 de janeiro. Em especial a cidade do Rio de Janeiro, os grupos realizam folias até o dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro da cidade.

Rapha Silva é natural do Rio de Janeiro, Brasil, é fotógrafo com formação em jornalismo e cinema. Com fotografias publicadas na imprensa local o fotógrafo expõe através da arte visual a importância da preservação da identidade sociocultural.